Hoje pensei em ti
Doeu como já há muito tempo não doía. Quero ser indiferente  pensar que melhores dias virão, que as coisas vão mudar e irem ver o teu sorriso, mas também sei que isso é impossível. Que tenho de me contentar no pouco tempo que te tive comigo, no pouco tempo em que eras meu e que eu podia cuidar, tratar e mimar com a minha voz, o meu amor, o meu carinho. Agora sinto-me vazia, incompleta e sem razão de viver.
Os lábios sorriem, o coração chora. Quero fingir que tudo está perfeito mas não consigo, quero fingir que me sinto bem, mas afogo me na minha própria hipocrisia. Queria apenas poder gritar ao mundo que te amo, que sempre te amarei e que te perdi, que te perdi para sempre, minha adorada estrelinha.

O que fazer quando sentimos que a nossa vida se encontra num impasse?

Não sei. Cheguei a esse ponto. Sinto me inquieta, sem sentido na vida, sem direcção e principalmente sem objectivos e sem razão para aqui continuar. 

Desempregada como tantos outros, neste país que cada vez mais se enterra. Com vontade de criar uma saída profissional, para mim e outros como eu, mas como neste país? Num país que em vez de nos dar esperança, nos dar vontade de continuar mos e lutarmos por nós e pelos nosso filhos, cada vez mais nos tira o sonho que nos encaminhava.

Quando era mais nova ouvia dizer muitas vezes: "Sonha, para um dia poderes realizar todos esses sonhos!". Hoje pergunto a mim mesma para que sonhei? Para hoje me sentir ainda mais frustrada por não ter realizado nenhum dos meus sonhos. Para hoje me perguntar de que vale sonhar se depois nos cortam as asas! Sonhar não paga imposto, é verdade, mas sinceramente seria preferível pagar se significasse que os poderíamos realizar. Olho para a minha filha e penso e choro por dentro por não saber o que a espera. Digo-lhe para estudar, para ser alguém na vida, mas penso comigo mesma, que apenas a iludo, porque cada vez mais me convenço que neste país não conseguimos chegar a lado nenhum por mais esforços e por maiores lutas que se travem.

Desculpem este desabafo, mas precisava por tudo cá para fora. Mandar o meu grito silencioso, a minha revolta.